Era Setembro
É claro que ainda lembro
Ali se realizava um sonho
E nasciam dois seres:
Meu verdadeiro amor
E meu novo eu.
Pequeno pedaço meu
Doce encontro
Tão sonhado
Num desencontro
Se perdeu
O amanhã nunca foi meu.
Aquele rapaz sonhador
Onde é que se meteu?
No lugar dele
Só há angústia e medo
Que com os anjos esteja
Se morreu.
E aqui só resta eu
Rei caído,
Meu sangue na espada
Tal essa chamada
Despedida inexistente
O golpe fatal me doeu.
Ser pai sempre foi sonho meu
Mas não foi assim que sucedeu
O que guardas de mim
É só meu nome
Sem saber
Se quer
Quem sou eu.
Lembre-se que sou resto teu
Se há coração aqui batendo
Talvez o sonho de ser pai apenas adormeceu.
Me perdoe se pareci errado
Nessa história não há inocente
E não há culpado
Mas o erro não foi só meu
Não estava sozinho quem cometeu
Deus nunca põe o Diabo
No homem que se converteu.
E se um dia
Eu não fores pai teu
Espero que ele te ame
Tanto quanto eu
Pois o sonho da sabedoria
Sempre foi sonho meu
E o filósofo que em mim reina
É o único daqui que não morreu.
Hoje não sigo sozinho
Há um belo anjo que me mostra o caminho
Que daqui
Vai direto ao ninho
Onde guardo irmãos teus.
Me disseram que um dia
Essa dor há de passar
Seja no cantar do galo
Ou quando a Dama Negra chegar.
Sigo esperando esse dia
Lembrando do sorriso teu
Querendo voltar no tempo
Pro dia em que você nasceu.